Mikhail Lobanov
O matemático e sindicalista Mikhail Lobanov, alvo de rusgas policiais nos últimos meses, anunciou que saiu do país após ter sido despedido da universidade onde lecionava.
"A nossa equipa tomou uma decisão: vou fazer uma longa viagem ao estrangeiro", anunciou Mikhail Lobanov na semana passada no seu canal de Telegram(link is external), revelando já estar num local "onde as forças de segurança russas não podem arrombar" a sua porta.
Professor de Matemática na Universidade Estatal de Moscovo, assume o seu posicionamento político à esquerda e foi candidato independente pelo Partido Comunista da Federação Russa nas legislativas de 2021, depois de organizar estudantes e professores em torno do sindicato "Solidariedade Universitária", como explicou numa entrevista à Jacobin que o Esquerda.net publicou após a fraude eleitoral que lhe retirou a vitória no seu círculo contra o deputado do partido de Putin.
Nos últimos meses, Lobanov viu a polícia entrar-lhe em casa a meio da noite, supostamente para recolher provas da sua ligação ao ex-deputado Ilya Ponomarev, exilado na Ucrânia. Tanto Lobanov como Ponomarev negam alguma vez terem-se conhecido.
"Sempre disse que considero importante permanecer na Rússia enquanto tiver oportunidade para continuar a ter atividade política", afirma agora Lobanov ao Moscow Times(link is external), acrescentando que "agora, pessoalmente, esta oportunidade esgotou-se temporariamente".
A gota de água foi ter recebido ordem de despedimento do seu cargo de professor associado na Faculdade de Mecânicas e Matemáticas da Universidade estatal de Moscovo. O documento justifica a decisão com "razões que vão para além do controlo de ambas as partes". A verdadeira razão prende-se com o facto de o regime o ter classificado como "agente estrangeiro", tal como já o fez a inúmeros jornalistas, ativistas contra a guerra e outros opositores de Putin.
"Classificarem-me como 'agente estrangeiro', banirem-me da minha profissão e despedirem-me ilegalmente da universidade são apenas os mais recentes passos de uma campanha que as autoridades desencadearam contra mim desde há um ano", afirma Lobanov no Telegram. "Naturalmente, o próximo e derradeiro passo seria em breve arranjarem uma espécie de pretexto criminal para me mandarem para a prisão", o que significaria que a partir daí "a minha vida e a da minha mulher seria reduzida a uma luta pela sobrevivência, na qual deixaria de haver espaço para a participação política", referiu ao Moscow Times.
No seu exílio forçado, Mikhail Lobanov espera ter a oportunidade de "trabalhar com forças políticas progressistas noutros países de modo a construir um leque de propostas e garantias" pelo fim da guerra na Ucrânia.