Esquerda
Yevgeny Prigozhin é um dos elementos próximos do chefe de Estado russo e dirige o grupo de mercenários que tem cometido atrocidades em vários conflitos no mundo e que participou também guerra no Donbass em 2014 e na invasão da Ucrânia.
Líbia, Síria, Mali, Moçambique e República Centro Africana são alguns dos conflitos em que o grupo russo de mercenários Wagner tem participado. Não assume nenhuma ligação ao estado russo mas combate em cenários em que os seus interesses estão em causa. O grupo tinha vindo a ser associado ao milionário Yevgeny Prigozhin, próximo de Putin, há muito tempo. Este negava veementemente. Tanto que processou vários jornalistas que o tinham descrito como seu fundador. Mas agora assumiu finalmente a sua criação.
Numa publicação na rede social Vk do grupo da sua empresa de catering, a Concord, escreveu: “limpei eu próprio as velhas armas, escolhi eu próprio os coletes anti-bala e encontrei especialistas que me pudessem ajudar nisso. A partir desse momento, a 1 de maio de 2014, um grupo de patriotas nasceu e que mais tarde veio a ser apelidado como Batalhão Wagner”.
Prigozhin admite assim não só ter formado o grupo mercenário para participar na guerra do Donbass em 2014, em apoio ao grupos separatistas pró-russos, como a participação noutros conflitos, nomeadamente “tendo defendido o povo sírio, outros povos de países árabes, os africanos e os latino-americanos desfavorecidos”.
As declarações não são propriamente uma revelação inesperada. Recentemente, Prigozhin terá sido filmado numa prisão russa a prometer a libertação dos prisioneiros que aceitassem uma comissão de serviço de seis meses na frente ucraniana ao serviço do Wagner.
O grupo Wagner é visto como uma peça importante da invasão da Ucrânia e é acusado de atrocidades e de violações dos direitos humanos nos vários pontos do globo onde tem passado. Grupos de defesa dos direitos humanos dizem que ataca civis, é responsável por tortura, violações e execuções em massa e pilhagens.
É igualmente ligado de forma reiterada à extrema-direita. Aliás, outra das figuras que é vista como tendo feito parte da fundação é Dmitry Utkin, um neonazi que terá adotado o nome Wagner por este ter sido o compositor favorito de Hitler.
Quem é Yevgeny Prigozhin?
Tem 61 anos e é conhecido como o “cozinheiro de Putin”. Isto porque se mostrou várias vezes a servir o chefe de Estado russo em eventos oficiais, tendo assumido o catering do Kremlin.
A sua ascensão no mundo dos negócios foi obscura e fulgurante. Depois de ter estado preso durante nove anos por fraude, roubo e ligação a uma rede de prostituição de menores, passou a ser cozinheiro. Mais tarde surge como dono de um restaurante de cachorros quentes e acaba por ser dono de uma cadeia de restaurantes de luxo.
A sua empresa de fornecimento de refeições tem crescido à conta do Estado com contratos para cantinas escolares, de trabalhadores da função pública e militares.
Para além do catering e da guerra, Prigozhin é também acusado de ser um dos criadores e financiadores de uma das mais importantes “fábricas de trolls” que desencadeiam campanhas de desinformação ao serviço de Putin, a Internet Research Agency. Os EUA acusam-no mesmo de ter interferido nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 em benefício de Trump.