Collective
Mais de 80 escritores e académicos, na sua maioria de países que têm apoiado Putin, lançaram o apelo “Não nos enganemos no combate! Apoiemos as pessoas da Ucrânia sem calculismo nem reserva".
Entre as pessoas que subscrevem o apelo está a indiana Arundhati Roy, a libanesa Hanan El-Cheikh, a tunisina Sophie Bessis e o nigeriano Wole Soyinka, prémio Nobel da literatura.
As pessoas que subscrevem o Apelo pedem em tribuna do Le Monde(link is external) a "todos aqueles que reivindicam a liberdade para si próprios" que fiquem ao lado das pessoas da Ucrânia.
Apelo na íntegra
Desde 24 de fevereiro, Vladimir Putin vem travando uma guerra de conquista contra a Ucrânia. O seu exército bombardeia e destrói cidades, matando civis aos milhares, como fez na Chechénia e na Síria. As pessoas da Ucrânia resistem. Devemos apoiá-las sem calculismo nem reserva.
Na maioria dos nossos países, no entanto, uma grande parte da opinião pública ficou do lado do ditador russo. Em nome de um anti-imperialismo que ao longo dos anos se transformou em ódio apaixonado, ela aplaude quem se opõe ao Ocidente.
Medimos a esmagadora responsabilidade das grandes e pequenas potências ocidentais na devastação do nosso mundo. Temos denunciado as guerras que elas lançaram para assegurar a sustentabilidade da sua dominação sobre vastas regiões, incluindo as nossas, e condenamos a sua defesa de ditaduras indefensáveis para proteger os seus interesses. Conhecemos o uso seletivo dos valores de que elas se reivindicam, deixando os refugiados do Sul a morrer às suas portas e acolhendo “os seus” de braços abertos. Mas não nos enganemos no combate. Todos aqueles e aquelas que reivindicam a liberdade para si próprios, que acreditam no direito dos cidadãos a escolher os seus dirigentes e a recusar a tirania, devem apoiar os ucranianos hoje. A liberdade deve ser defendida em todo o lado
Pela nossa parte, recusamo-nos a apoiar qualquer ditadura sob o pretexto de que os seus adversários seriam nossos inimigos. Ao defender a guerra de Putin, privamo-nos do nosso próprio direito a sermos livres.
Dima Abdallah, escritora (Líbano-França); Gilbert Achcar, politólogo (Líbano-Reino Unido); Mario Aguilar, islamólogo (Reino Unido); Nadia Aïssaoui, socióloga (Argélia-França): Younès Ajarraï, conselheiro cultural (Marrocos); Sanhadja Akrouf, militante feminista (Argélia-França); Cengiz Aktar, politólogo (Turquia); Hala Alabdalla, cineasta (Síria); Tewfik Allal, dirigente associativo (Argélia-França); Chawki Azouri, psiquiatra (Líbano); Malika Bakhti, engenheira (Argélia-França); Brigitte Bardet-Allal, professora (França); Ali Bayramoglu, jornalista (Turquia); Yagoutha Belgacem, diretora artística (Tunísia-França); Souhayr Belhassen, Presidente honorária da FIDH (Tunísia); Akram Belkaïd, jornalista (Argélia-França); Rabaa Ben Achour, académica (Tunísia); Sana Ben Achour, professor de direito (Tunísia) ; Tahar Ben Jelloun, escritor (Marrocos-França); Ali Bensaad, geógrafo (Argélia); Raja Ben Slama, diretora da Biblioteca nacional (Tunísia); Karima Berger, escritora (Argélia-França); Mohamed Berrada, escritor (Marrocos); Sophie Bessis, historiadora (Tunísia-França); Karim Emile Bitar, professor de relações internationais (Líbano); Antoine Boulad, escritor (Líbano); Rafic Boustani, demógrafo (Líbano); Nora Boustany, jornalista (Líbano-Estados-Unidos); Soha Bsat Boustani, consultora (Líbano); Abdallah Cheikh Moussa, académico (Tunísia-França); Khedija Cherif, socióloga (Tunísia); Alice Cherki, psicanalista (Argélia-França); Noam Chomsky, linguista (Estados-Unidos); Ahmed Dahmani, académico (Argélia-França); Kamel Daoud, escritor (Argélia); Godofredo de Oliveira Neto, escritor (Brasil); Albert Dichy, diretor literário (Líbano-França); Karima Dirèche, antropóloga (Argélia-França); Nacer Djabi, sociólogo (Argélia); Alicia Dujovne Ortiz, escritora (Argentina); Anne-Marie Eddé, académica (Líbano-França); Dominique Eddé, escritora (Líbano); Hanan El-Cheikh, escritora (Líbano-Reino Unido); Abbas Fadhel, cineasta (Iraque); El Hadj Souleymane Gassama (alias Elgas), escritor, (Senegal); Amira Hass, jornalista (Israel-Palestina); Milton Hatoum, escritor (Brasil); Ahmet Insel, politólogo (Turquia); Ramin Jahanbegloo, filósofo (Irão); Kamel Jendoubi, ativista dos direitos humanos (Tunísia-França); Salam Kawakibi, politólogo (Síria-França); Tahar Khalfoun, académico (Argélia- França); Driss Ksikès, escritor (Marrocos); Abdellatif Laabi, poeta (Marrocos); Smaïn Laacher, sociólogo (França); Kamal Lahbib, ativista dos direitos humanos (Marrocos); Ahmed Mahiou, jurista (Argélia); Charif Majdalani, escritor (Líbano); Ziad Majed, politólogo (Líbano-França); Georgia Makhlouf, escritora (Líbano-França); Farouk Mardam Bey, editor (Síria-França); Mohamed Mbougar Sarr, escritor (Senegal); Khadija Mohsen-Finan, académica (Tunísia-França); Célestin Monga, economista (Camarões); Mohammad Ali Amir-Moezzi, académico, islamólogo (Irão-França); Boniface Mongo-Mboussa, escritor (Congo-Brazzaville-França); Wajdi Mouawad, dramaturgo (Líbano-França); Madeleine Mukamabano, jornalista (Ruanda-França); Nabil Mouline, historiador (Marrocos); Lamia Oualalou, jornalista (Marrocos-França); Cécile Oumhani, escritora (França); Atiq Rahimi, escritor (Afeganistão-França); Michèle Rakotoson, escritora (Madagáscar); Arundhati Roy, escritora (Índia); Lamine Sagna, académico (Senegal-Estados-Unidos); Antonio Carlos Secchin, escritor (Brasil); Nada Sehnaoui, artista plástica (Líbano); Leïla Shahid, antiga embaixadora (Palestina); Muzna Shihabi Barthe, ativista dos direitos humanos (Palestina); Wole Soyinka, escritor, prémio Nobel da literatura (Nigéria); Wassyla Tamzali, ensaísta (Argélia-França); Nadia Tazi, filósofa (Marrocos-França); Hyam Yared, escritora (Líbano).