Alexandre Yarashuk
Alexandre Yarashuk opõe-se à destruição e às mortes que o apoio da Bielorrússia à invasão da Ucrânia causam do outro lado da fronteira e aos efeitos devastadores que também estão a ter para os trabalhadores do seu país.
Numa declaração lançada a 29 de março e divulgada em várias línguas pela rede Sindical Internacional de Solidariedade e de Lutas, Alexandre Yarashuk, presidente do Congresso dos Sindicatos Democráticos da Bielorrússia, toma posição contra a participação do seu país na invasão russa da Ucrânia.
O sindicalista sublinha quer os efeitos letais que este apoio tem para o povo ucraniano, quer aqueles que já se fazem sentir para os trabalhadores do seu próprio país. Sobre a primeira questão explica que as tropas russas estão a entrar na Ucrânia a partir do território da Bielorrússia, que há disparos de rockets feitos a partir daí e aviões que de lá descolam e que “quanto mais a Bielorrússia se implica na guerra mais a sua participação na agressão destrói infraestruturas, habitações, mata civis ucranianos, mulheres, idosos e crianças”.
Na vida dos trabalhadores do seu país pesam as sanções da comunidade internacional, das quais se começaram a sentir efeitos como o aumento dos preços, encerramento de empresas ou recurso ao lay-off, não pagamento de salários. Problemas que atingem já “empresas estratégicas como a MZKT, as refinarias de petróleo e a Belaruskali”. Esta última, “pela primeira vez em muitos anos” foi obrigada a recorrer a empréstimos bancários para pagar salários.
A dimensão da questão, diz Yarashuk, é alarmante, pois “a Bielorrússia nunca foi confrontada com um desafio tal na sua história”. E o cenário que traça é sombrio: “o país degradar-se-á progressivamente”, uma degradação acompanhada por “um desemprego endémico, salários extremamente baixos, pobreza e miséria”. Será ainda pior se houver lugar no futuro ao pagamento de quaisquer indemnizações pelos danos causados pela guerra.
Apela assim a que “o nome do nosso país, das nossas vilas e cidades, não incarne uma ameaça e perigo para o povo vizinho da Ucrânia, fraterno para nós”. Yarashuk defende que “a guerra da Rússia na Ucrânia não é a nossa guerra” e que “podemos travá-la, devemos travá-la” já que “a maioria absoluta dos bielorrussos” não a quer. E insta os trabalhadores a exigir nos locais de trabalho “não à guerra e não à participação da Bielorrússia nela”, a lutar pela proibição de envio de tropas bielorrussas para a invasão e lutar pela retirada das tropas russas do nosso país”.