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Ao fim de mais de 50 anos de carreira, Alla Pugacheva é uma das artistas mais conhecidas na Rússia e tornou-se agora uma das vozes mais proeminentes a desafiar Putin.
Aos 73 anos, a rainha da pop soviética veio a público solidarizar-se com o marido, o comediante e apesentador televisivo Maxom Galkin, por este ter sido colocado na lista de "agentes estrangeiros", uma forma de o governo segregar aqueles que o criticam, obrigando-os a incluir essa referência com destaque em todos os conteúdos que produzam, além de estarem obrigados a uma série de trâmites burocráticos para exercer a profissão.
"Peço que me incluam no grupo dos agentes estrangeiros do meu amado país porque estou solidária com o meu marido", escreveu Alla Pugacheva no Instagram, rede social banida na Rússia, acrescentando que Maxim é um patriota que quer "o fim da morte dos nossos rapazes à custa de objetivos enganadores" e que a Rússia se está a transformar num Estado "pária". Esta não foi a primeira vez que Alla Pugacheva entra em rota de colisão com o Kremlin por causa da Ucrânia, tendo já em 2014 assinado uma petição contra a perseguição ao cantor Andrei Makarevich porter protestado contra a anexação da Crimeia e a guerra no Donbass.
Pugacheva começou a lançar discos a solo em 1976, dez anos depois de começar a participar em bandas enquanto vocalista. Participou em filmes musicais, chegou aos tops soviétios em 1979 e teve discos editados em vários países. Foi distinguida com vários títulos de "Artista do Povo" da Rússia em 1980 e 1985 e mais tarde, em 1991, com o mais alto título de Artista do Povo da URSS. Em 1999 e em 2009 foi distinguida com a Ordem de Mérito pela Pátria. Tem mais de 500 canções interpretadas em várias línguas e 250 milhões de discos vendidos, um recorde para uma artista soviética que agora se torna numa das figuras mais importantes do meio artístico a insurgir-se contra Putin.
O casal saiu da Rússia após a invasão da Ucrânia com destino a Israel, mas Pugacheva regressou à Rússia em agosto, o que motivou críticas de propagandistas do Kremlin como Vladimir Solovyov. "Porque é que voltou? O dinheiro acabou-se?", questionou no seu canal no Youtube este apresentador de televisão. Sokolov ficou conhecido internacionalmente quando Putin o apontou como alvo de um ataque terrorista abortado pelo FSB. A credibilidade do ataque ficou manchada quando os serviços secretos mostraram o material apreendido aos supostos terroristas, onde se incluiam três jogos de computador da série "The Sims". De imediato surgiram suspeitas de que algum agente levou demasiado à letra as instruções, colocando os jogos na "cena do crime" em vez de cartões SIM de telemóvel.