Pela paz e autoderminação dos povos frente à guerra imperialista!
A invasão do território ucraniano pelo exército russo representa o desenlace violento da crise política que se arrasta há semanas no leste europeu. Sob a justificativa de defender as regiões de maioria russa do Donbass, Putin promove uma invasão do país vizinho e notícias recentes informam que os combates estão espalhados por todo país. Putin promove a invasão, inclusive com bombardeio à Kiev, produzindo destruição do país vizinho, mortes e milhares de refugiados, sendo as crianças e idosos as maiores vítimas.
A invasão acende um pavio militarista com consequências imprevisíveis. A crise militar mais grave na Europa desde a Segunda Guerra Mundial acirra o belicismo entre as principais potências nucleares imperialistas e tem suas causas explicadas tanto pela busca de Putin por coesão interna frente aos problemas internos da Rússia como pela expansão agressiva e injustificada da OTAN para o leste europeu após o fim da Guerra Fria. A retórica cínica de ambos os imperialismos se retrolalimenta e esconde interesses econômicos e políticos muito mais concretos dos dois lados, colocando o povo ucraniano como a principal vítima da linha de fogo interimperialista.
Esta guerra não é desejada pela maioria do povo russo. O grande movimento pacifista que se desenvolveu recentemente em várias cidades do país, assim como as declarações anti-guerra de personalidades da sociedade civil russa, demonstram que o chauvinismo de Putin não é consenso em seus país, que além dos problemas internos como indicadores econômicos ruins e sua popularidade em queda, também enfrentou – e reprimiu brutalmente – levantes populares em atuais satélites da Rússia como Belarus e Cazaquistão. A invasão da Ucrânia é uma tentativa saída política de Putin para estes problemas, com um discurso direitista apoiado na burguesia mafiosa, e reproduzindo a lógica estudunidense da promoção da guerra para a busca de coesão interna.
O governo ucraniano, atuando em prol do imperialismo ocidental, também tem sua responsabilidade na escalada militar pela própria subserviência aos interesses da OTAN. Da mesma forma, o fortalecimento da extrema-direita militarista na Ucrânia fornece uma justificativa para as falácias de Putin sobre a “desnazificação” do país. Entretanto, estes fatores não podem esconder o elemento objetivo da agressão russa realizada no dia de hoje nem justificar a guerra imperialista. No Brasil, as recentes declarações de solidariedade de Bolsonaro à Putin feitas em sua viagem recente à Rússia também demonstram a posição falaciosa do governo russo perante a extrema-direita.
Nosso dever internacionalista nesse momento é a luta pela paz, estimulando uma campanha pacifista mundial contra a invasão russa e também contra qualquer tipo de escalada militar por parte da OTAN. A autodeterminação dos povos na Ucrânia, inclusive das minorias nacionais do leste do país, não pode servir de justificativa para a violência entre grandes potências capitalistas, devendo ser defendida e impulsionada por mecanismos democráticos que garantam os reais interesses das populações que hoje sofrem no fogo cruzado.
Pelo fim da invasão russa na Ucrânia!
Pelo fim da expansão da OTAN no leste europeu!
Pela paz e autodeterminação do povo ucraniano e de suas minorias nacionais!
Bruno Magalhães é historiador, editor da Revista Movimento e membro da Comissão Internacional do Movimento Esquerda Socialista (MES/PSOL).